Utilizamos cookies!

Olá! Nós utilizamos cookies para melhorar a experiência dos nossos usuários e usuárias ao navegar por nossos sites. Ao continuar utilizando nossos serviços online, entenderemos que você estará contente em nos ajudar a construir uma sociedade mais inclusiva e aceitará nossos cookies.

Para conferir como cuidamos de seus dados e sua privacidade, acesse nossa Política de Privacidade.

8 de março de 2018

O que aprendi com Dorina

Conheça a emocionante história da revisora braile Regina Oliveira, que conviveu - e aprendeu muito - com 'Dona Dorina'

Foto de Dorina Nowill e Regina Oliveira. Elas estão sentadas com as mãos sobre a mesa, que tem um microfone e dois copos d'água. Regina está tateando um texto em braile. Ambas usam óculos escuros.

“Na escada da vida os degraus são feitos de livros”. A frase é de Dorina de Gouvêa Nowill, e é uma da citações favoritas de Regina Oliveira, coordenadora de revisão da Fundação Dorina Nowill Para Cegos. Ela compartilha conosco algumas das suas memórias e aprendizados que construiu ao longo dos mais de 40 anos de convivência com Dorina Nowill.

Para Regina, além de ter sido uma mulher que viveu à frente do seu tempo, Dorina deixou grandes ensinamentos e lições de civilidade, humanismo e luta por melhores condições de qualidade de vida para as pessoas com deficiência visual. Legados que servem de exemplo nos dias de hoje e nos inspira a celebrar o Dia Internacional da Mulher.

Regina nasceu com glaucoma (doença conhecida por provocar lesões no nervo óptico, podendo levar a cegueira se não for tratada a tempo). De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente um milhão de brasileiros têm glaucoma.   Regina salienta que chegou à Fundação Dorina aos 8 anos de idade, após longa procura da mãe por educação de qualidade e acessível.

“Passei pelos primeiros atendimentos, aprendi o braile e fiquei na Fundação Dorina”, explica Regina. Com grande desenvoltura e inteligência, anos mais tarde, foi contratada como estagiária na Fundação Dorina e 3 meses depois foi admitida como telefonista. Reconhecida pela competência e habilidade com a reglete (uma das primeiras ferramentas construídas para a escrita braile), foi convidada para estagiar na Espanha. “Lá eles têm uma estrutura muito boa para a pessoa cega, por meio da Organização Nacional de Cegos da Espanha”.

Descrição da imagem: Foto de Dorina Nowill e Regina Oliveira com um grupo de formandos do curso de revisão em braile. Elas estão ao centro. Todos estão perfilados, olhando pra frente e sorrindo. Os alunos exibem o diploma. Fim da descrição.
Ao centro, Dorina e Regina posam pra foto com formandos do curso de revisão em braile na Fundação Dorina em 2007

Após um mês de estágio Regina voltou ao Brasil com a missão de replicar os conhecimentos obtidos no país europeu. E assim ela atuou em importantes momentos da história da Fundação Dorina, como a criação da comissão para o aperfeiçoamento da escrita e do Sistema Braille e os encontros nacionais e internacionais sobre o tema; além do engajamento político, sendo membro e dirigente de diversas organizações ligadas aos direitos da pessoa com deficiência visual e ao Sistema Braille.

“Nessas atuações todas convivi muito com a Dona Dorina, como carinhosamente a chamávamos. Foram muitos os desafios e aprendizados e se cheguei onde cheguei foi graças ao meu esforço e incentivo dela”, afirma Regina. Ela destaca ainda a resignação e protagonismo de Dorina Nowill, que quebrou muitos tabus e preconceitos que são exemplos até hoje. Regina lembra que em muitas situações Dorina era a única mulher a participar de reuniões onde só tinham homens, sempre na luta para que as pessoas com deficiência visual tivessem sempre o melhor.

Saiba mais sobre Dorina Nowill

Cega aos 17 anos de idade, vítima de uma doença não diagnosticada, ela foi a primeira aluna cega a frequentar um curso regular na Escola Normal Caetano de Campos, e conseguiu a integração de outra menina cega num curso regular da mesma escola. Dorina colaborou para a elaboração da lei de integração escolar, regulamentada em 1956. Ela sempre defendeu que “não existe educação especial para o deficiente. Toda educação é especial e única”.

Em 1946 ela criou a então Fundação para o Livro do Cego no Brasil. Dorina se especializou em educação de cegos no Teacher´s College da Universidade de Columbia, em New York, EUA. Naquela ocasião, participou de uma reunião com a Diretoria da Kellog’s Foundation, onde expôs o problema da falta de livros em braile para cegos brasileiros e a necessidade de se conseguir uma imprensa braile para a Fundação que havia criado no Brasil.

Assim, em 1948, a Fundação para o Livro do Cego no Brasil recebeu, da Kellog’s Foundation e da American Foundation for Overseas Blind, uma imprensa braile completa, com maquinários, papel e outros materiais. São  72 anos de trabalho da Fundação Dorina,  voltados para a  inclusão social de pessoas com deficiência visual, por meio da produção e distribuição gratuita de livros em braile, audiolivros falados e digitais acessíveis.

A instituição também oferece, gratuitamente, serviços especializados para pessoas com deficiência visual e suas famílias, nas áreas de educação especial, reabilitação, clínica de visão subnormal e empregabilidade.

Clique AQUI e saiba mais sobre Dorina de Gouvêa Nowill