Campanha promove prevenção do suicídio com ações de mobilização em todo o país. Confira o que é verdadeiro ou falso sobre a depressão.
Setembro é reconhecido internacionalmente como o mês de prevenção do suicídio. A campanha conhecida como “Setembro Amarelo” surgiu com o objetivo de diminuir uma triste realidade que assola o Brasil e o mundo: cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano, segundo dados de 2018 da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O suicídio, geralmente, está associado à depressão. Esse distúrbio mental afeta mais de 300 milhões de pessoas, de todas as idades e, apesar de ser uma tratável, ainda é rodeada por preconceitos que inibem as pessoas a procurarem ajuda e de receberem diagnósticos e tratamento. Então, para desmistificar o chamado “mal do século”, preparamos uma lista explicando os principais enigmas sobre o tema. Confira!
1) Tristeza é o mesmo que depressão
Falso. É bem verdade que a tristeza é um dos sintomas mais comuns da depressão, porém, nem sempre estar triste (que é o chamado estado depressivo) significa ser diagnosticado com depressão. A doença afeta principalmente o estado de humor e cada pessoa pode reagir de uma forma diferente. Por isso, a avaliação profissional é tão importante, para identificar se o paciente só passa por um estado de desânimo ou se, de fato, tem depressão.
O mesmo acontece com o mau humor. Uma pessoa que reclama demais pode ter depressão, mas também pode ser só um traço da sua personalidade. Ser assim ou estar assim é a questão-chave e deve ser muito levada em consideração.
2) Nem sempre a depressão é curada com remédios
Verdadeiro. Como já falado, a depressão é uma doença complexa e cada pessoa reage a ela de uma maneira. Por isso, nem todo mundo precisa tomar remédios. Em muitos casos, o aconselhamento psicológico é o suficiente.
O uso de medicamentos pode variar de caso para caso, da intensidade do transtorno e de vários outros fatores. E, apesar de ele acelerar o processo de melhora, é um tratamento que leva tempo. O efeito é gradativo e a paciência é uma aliada nesse caso.
3) Depressão só afeta mulheres
Falso. A depressão é uma doença multifatorial e, embora seja mais comum em mulheres – principalmente no período da menopausa, quando passam por uma grande alteração hormonal – pode atingir qualquer pessoa, independente de idade, classe social, sexo ou local de residência.
Em crianças, os sintomas de depressão podem começar a aparecer a partir dos 4 anos de idade, segundo Fábio Barbirato Nascimento da Silva, neuropsiquiatra especialista em infância e adolescência da Associação Brasileira de Psiquiatria. Em jovens, o índice da doença aumenta a cada ano, principalmente devido ao contato excessivo com álcool e outras drogas. Nos homens, a depressão também acontece, mas ainda há casos em que é ignorada por questões culturais.
4) Depressão interfere na alimentação e no sono
Verdadeiro. A depressão afeta todo o sistema nervoso de uma pessoa, o que pode interferir diretamente em seus hábitos alimentares ou no sono. Mudanças repentinas como falta ou excesso de apetite, assim como falta ou excesso de sono são sinais de atenção.
Ainda assim, é preciso procurar ajuda médica para um diagnóstico preciso. O que pode parecer depressão às vezes é apenas uma crise de ansiedade, um estado de tristeza passageiro, ou até outro tipo de problema de saúde.
5) Falar sobre depressão incentiva a doença
Falso. Falar sobre depressão, na verdade, pode salvar a pessoa da doença. Pessoas nessa situação estão buscando ajuda, ainda que não peçam diretamente. Muitas, querendo sanar a dor extrema que sentem, chegam a pensar no suicídio. E quando alguém lhes dá a oportunidade de falar sobre isso, abre uma alternativa à situação.
No entanto, é preciso ser cauteloso. A escuta empática – aquela que evita dar opinião, fazer julgamentos ou dar conselhos – é a alternativa, nesse caso. Em muitos momentos, o silêncio com empatia se torna a melhor forma de ajuda, principalmente quando não se sabe o que dizer. Ela transmite compreensão e apoio.
6) Um clínico geral pode ajudar
Verdadeiro. Procurar ajuda profissional deve ser a primeira atitude de qualquer pessoa em estado depressivo, ou daquelas pessoas que buscam dar apoio às vítimas do distúrbio. Muitos consideram, no entanto, que somente psicólogos ou psiquiatras são aptos a lidar com essa situação.
O que acontece é que essas especialidades nem sempre são acessíveis a todos. Por isso, a ajuda pode vir de um clínico geral. O profissional analisará os sintomas, poderá até prescrever uma medicação, mas deverá encaminhar o paciente a um especialista, para que acompanhe o caso. Procurar orientação médica assim que perceber sinais da depressão facilita o tratamento e salva vidas.