Em 2006, Ana Lúcia Villela ouviu na TV uma entrevista de Dorina de Gouvêa Nowill. Surpresa com o trabalho realizado na instituição criada pela senhora Dorina, Ana Lúcia foi até a Biblioteca Monteiro Lobato em São Bernardo do Campo, onde mora, e ficou encantada com o que encontrou por lá. Páginas e mais páginas de livros em áudio.
Com visão subnormal desde a infância devido a retinose pigmentar, Ana Lúcia desenvolveu a memória auditiva e por isso sempre gostou muito de assistir filmes e seriados, além de ouvir música e rádio. Embora gostasse muito dos livros, os títulos ficavam restritos aos que sua mãe conseguia ler para ela.
Os livros falados e a revista “Veja” falada produzidos na Fundação Dorina se tornaram para Ana Lúcia uma grande companhia e um hobby. É neles que encontra conhecimento, cultura, diversão e viaja pelas estórias. “Ler é uma coisa surpreendente; posso dizer que mudou minha percepção sobre a vida. Os livros falados ajudam muitas pessoas. Sempre indico para os deficientes visuais que conheço. Sem eles eu, por exemplo, não teria contato com literatura como tenho hoje”, comenta.
São 60 livros por ano. Você não leu errado. É isso mesmo, uma média muito superior à das pessoas que enxergam. Ana Lúcia brinca que a biblioteca de livros falados é a sua Disneylândia. A dona de casa, de 48 anos, conta que, enquanto vai fazendo suas atividades rotineiras, como cozinhar, arrumar a casa e costurar, vai ouvindo os livros e não se perde na leitura.
Histórias de vampiros, suspense, romances e séries estão entre as suas leituras preferidas. E confessa que, quando o assunto é muito interessante, consome o livro em um dia.
Ana Lúcia passa os dias a ouvir obras do acervo de mais de 1.600 títulos disponíveis na Biblioteca Circulante de Livros Falados da Fundação Dorina Nowill para Cegos e sonha com o dia em que os livros serão lançados ao mesmo tempo em tinta e em áudio.