Clique no player abaixo para ouvir o depoimento do Rogério com recursos sonoros especiais ou leia o texto na íntegra logo em seguida!
“Eu sempre cito essa frase do Ferreira Gullar: a arte existe porque a vida não basta. Eu acho que ela compreendia muito bem isso e é o que eu também penso. Eu sou Rogério Ratão, escultor e ceramista cego. Comecei a estudar escultura já há mais de duas décadas, tenho meu próprio atelier desde 2007, onde eu trabalho sem o recurso da visão.
Comecei a fazer escultura e, quando foi em 1995, eu estava pronto pra fazer minha primeira exposição, e eu queria muito que os cegos tivessem acesso às obras, e aí me veio à cabeça procurar a Dona Dorina Nowill, a Fundação. Fui muito bem recebido por ela mesma, trouxe as esculturas para que ela pudesse tocar e ela compareceu à abertura da exposição e ajudou na divulgação, foi ótimo.
Ela via as artes como algo essencial na formação de uma pessoa. E como ela estava sempre batalhando para que os cegos tivessem acesso à informação, acesso à arte nada mais é que você ampliar esse leque de informações. Olha… a arte, pra mim (bom, e para as pessoas que não enxergam), eu acho que o contato com a arte é mais um contato com o que é humano”.
Dorina 100 anos
Esta é a última das 13 histórias que ilustram o Calendário Acessível em homenagem ao centenário de Dorina de Gouvêa Nowill. Ela faria 100 anos no dia 28 de maio de 2019.
Hoje, a instituição que leva seu nome oferece atendimento gratuito nas áreas de Reabilitação, Educação Inclusiva e Empregabilidade para milhares de pessoas cegas ou com baixa visão, além de possuir uma das maiores gráficas braille do mundo.