Célia tem 58 anos e uma história de vida cheia de conquistas, realizações e desafios. Quando criança morava na área rural de Minas Gerais onde começou seus estudos. Aos 15 anos mudou-se para São Paulo e começou a trabalhar para ajudar a sua família. Neste período, Célia vinha perdendo a visão, mas não percebia isso claramente. Quando completou a maioridade, consultou um médico que constatou a sua baixa visão e a desenganou sobre a possibilidade de voltar a enxergar.
Mesmo com o diagnóstico não muito animador, Célia continuou de cabeça erguida e seguiu a vida normalmente. Casou-se duas vezes, teve filhos que hoje são seu orgulho e se dedicou inteiramente ao trabalho para sustentá-los. Com o dinheiro suado, conquistou a sua casa que, mesmo com apenas 10% da visão, ajudou a construir do início até o final. Célia trabalhou como caixa de loja, empregada doméstica, babá, diarista e até como camelô, vendendo os crochês que tanto gosta de fazer e fazendo parcerias com outras barracas para conseguir um dinheirinho extra.
Hoje aposentada, Célia voltou a estudar. Está concluindo o ensino Fundamental, já teve consultas na Fundação Dorina e agora faz curso de informática e procura sempre estar atualizada com o que está acontecendo.
E àqueles que acham que a deficiência visual é um empecilho, ela dá o recado: “a deficiência não atrapalha ninguém. Não se entregue. Muitas vezes somos humilhados, eu sei, mas é importante que vocês perseverem, sempre”.