Airton Pasqual nasceu com estrabismo e era ambíope, isto é, seu olho esquerdo não tinha desenvolvido a visão. Em 2004, com 43 anos, teve de ser operado do olho direito devido a um descolamento da retina. Não houve nenhum problema ao decorrer da cirurgia, Airton continuava a enxergar como antes. No entanto, três meses depois da operação, ele teve um pico de glaucoma inesperado que lhe deixou com pouco menos de 5% da visão.
Por causa disso, ficou afastado do trabalho, no qual era analista de sistemas. Até 2006, sentia-se atordoado pelo baque que é se tornar uma pessoa com baixa visão, até que sua esposa encontrou a Fundação Dorina Nowill e trouxe para ele alguns livros falados. Impressionado com o novo mundo que passou a conhecer através da leitura inclusiva, Airton procurou saber mais sobre a instituição que produzia aquelas obras.
Ele passou a conhecer não apenas os trabalhos e serviços da Fundação Dorina, mas também suas necessidades.
Foi por isso que, em 2007, quis ajudar a instituição de alguma forma. Entre dedicar seu tempo para a reabilitação e o trabalho voluntário, escolheu a segunda opção.
Começou na gráfica, montando os livros em braille. Mas logo descobriu que a Fundação Dorina oferecia curso de informática para pessoas com deficiência visual e se inscreveu para dar aulas. Passou alguns meses estudando e aprendendo sobre tecnologias assistivas, como os leitores e ampliadores de tela, para se tornar instrutor. Ele mesmo, nesse momento, voltou a usar tecnologias, porque não sabia que estas poderiam ser acessíveis a pessoas com deficiência.
A partir de 2013, o curso de informática da Fundação Dorina dividiu-se em dois segmentos: um curso para a empregabilidade e outro para a reabilitação. Airton passou a lecionar para o grupo da reabilitação junto aos seus colegas também voluntários Genivaldo, Paulo e Marcos.
Airton conta: “passei a entender e lidar melhor com a situação (da deficiência visual) com o trabalho voluntário. quando você contribui, você colabora e entende sua dificuldade”.