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11 de agosto de 2021

Tóquio 2020: João Maia e a Fotografia Cega rumo ao Japão

A Imagem mostra o fotógrafo cego João Maia que está a caminho de Tóquio

De malas prontas rumo a Tóquio, o fotógrafo cego João Maia está levando em suas bagagens a alegria e a honra de representar a Fundação Dorina Nowil.

Texto de Luciane Tonon

Ele será o embaixador da Fundação em Tóquio mostrando, sobretudo, que as pessoas podem viver muito além de suas deficiências. João foi o primeiro fotógrafo cego a cobrir os Jogos Paralímpicos. Sua atuação nos Jogos Rio, 2016 chamou a atenção do mundo e foi destaque em mais de trinta jornais internacionais.

Assim que pisou nas arenas do Rio, os cliques voltaram para ele. A imprensa queria saber como um fotógrafo cego estava ali trabalhando com toda naturalidade e sorriso no rosto que João tem. A resposta dele era única. “Eu fotografo com o coração e uso todos meus sentidos para transformar meus sentimentos em imagens”.

Saindo do anonimato, João fundou seu próprio projeto, a Fotografia Cega, onde propaga ensinamentos básicos de fotografia às pessoas com deficiência visual, através de cursos e palestras. Traz muitos convidados especialistas e mostra o quanto é possível trabalhar e fazer o que se gosta.

João Maia em Tóquio 2020

O sonho de João foi mais longe, o de chegar em Tóquio para capturar imagens de atletas, arenas, pistas, piscinas, enfim de toda a dimensão do espetáculo esportivo; e levar seu trabalho para quem não terá condições de ali estar.

A ideia é fazer uma exposição acessível itinerante e um livro foto narrativo, que possa chegar inclusive em sua terra natal, o Piauí. “Meu sonho é que as crianças de lá de Bom Jesus do Piauí, onde eu nasci possam conhecer o esporte paralímpico através das minhas fotos”, enfatiza João Maia.

A ideia de ir para Tóquio surgiu em parceria com a jornalista Luciane Tonon do Guia do Deficiente, quando eles criaram o Projeto 4 Sentidos e Uma visão, com a intenção de mostrar o quanto é possível um profissional com deficiência vencer seus limites e fazer a diferença na sociedade.

“O que o João mostra é muita força de vontade. É muita paixão pelo esporte paralímpico. Não tem como as fotos não expressarem isso e ficarem lindas”, ressalta Luciane Tonon.

A realidade chegou e os dois estão de partida no próximo dia 19. Mesmo com todos os protocolos de segurança a expectativa é que eles possam desenvolver um belo trabalho, mostrando, para quem aqui fica, o Japão sob a lente da acessibilidade e os Jogos de forma memorável.