Andreza demonstra confiança e podemos acreditar nisso. Há dois anos, em 2013, após considerar-se bem sucedida profissionalmente, formada em administração de empresas, planejou a primeira gestação e tudo ia bem. Por algumas semanas sentiu constantes dores de cabeça, que ela acreditava serem sintomas da sobrecarga profissional ou do primeiro mês da gravidez tão desejada. Sua vida havia estava se transformando, e um dia qualquer dormiu e acordou sem enxergar. Ela passou por vários exames até descobrir que tinha um pseudotumor que causou hipertensão intracraniana. Houve um inchaço do nervo óptico e necrose dos olhos. “Senti a pior do de cabeça da minha vida e, de uma hora para outra, perdi a visão. Hoje enxergo 10% com o olho direito e não tenho a visão esquerda, e me tornei uma pessoa com baixa visão”.
Sem acreditar, Andreza se questionou e esteve à beira de uma depressão. Além da tristeza, suas preocupações eram a continuidade no trabalho e que não transferisse seus sentimentos para a criança que estava gerando. Com o nascimento da filha Ynara, hoje com 2 anos, ela teve mais esperanças, mas ainda não se percebia como uma pessoa com deficiência visual. Foi ao acordar de um coma por complicações cirúrgicas, que ela descobriu que a falta da visão era o menor dos problemas. Para cuidar de sua filha, ela teria que ter força e coragem. Andreza tentou manter o trabalho, pois acreditava que voltaria a enxergar, ainda demorou a aceitar as indicações médicas de vir à Fundação Dorina. Após perceber que precisava de ajuda especializada, acessou o site e ligou na Fundação para agendar consulta. Em todos os momentos, ela contou com o apoio o auxílio da família, o que considera essencial para a reabilitação.
Após a primeira conversa com a assistente social, ela teve certeza de que sua vida iria se transformar novamente, mas agora tinha boas expectativas.
“Hoje sou outra pessoa, tenho minha vida dividida em antes da Fundação Dorina e depois da Fundação Dorina”. Andreza faz terapia em grupo e recebe orientação de carreira com psicóloga, ela também acaba de se formar no Curso de Informática com ênfase em empregabilidade, parte do projeto De Olho no Futuro. Ela está aguardando ansiosa pela Terapia Ocupacional, onde receberá orientações sobre Atividades da Vida Diária, como cozinhar para receber seus familiares em casa, cuidar da filha, fazer atividades que nunca pensou em fazer. No futuro ela quer fazer o curso de Rotinas Administrativas pra aprender novas ferramentas com acessibilidade e sonha em cursar de Direito.
“Na Fundação Dorina aprendi que posso começar de novo, com calma e tranquilidade. Os profissionais nos fazem enxergar com os olhos do coração e acreditarmos que podemos fazer tudo que quisermos”, finaliza.