A pequena Geovanna é uma menina encantadora, inteligente e extrovertida, mas quem a conhece hoje em dia, não faz ideia das dificuldades que foi capaz de superar. Por causa de uma parada cardiorrespiratória que sofreu na hora do seu nascimento, foi diagnosticada com a deficiência visual já aos 4 meses de vida. “Eu fazia as mesmas coisas com meus sobrinhos e vi que eles acompanhavam as minhas mãos. Mas com a Geovanna era diferente. Ela não seguia meus movimentos e isso foi me preocupando muito. Além disso, a cor dos olhos era bem clarinha, muito mais do que o normal”, explica a mãe, Eliene. Após realizar todos os exames solicitados, o médico concluiu: “Ela está com um descolamento irreversível nas retinas dos dois olhos. Não tem mais jeito, mãe, ela nunca mais vai voltar a enxergar”.
“Eu fiquei desesperada. Não queria acreditar naquilo. Comecei a procurar outros médicos, mas todos confirmaram o diagnostico. Entrei em pânico. Não parava mais de chorar. Eu estava revoltada. Minha única filha era cega! Eu não conseguia aceitar isso.”
Quando conseguiu atendimento na Fundação Dorina Nowill para Cegos, um mundo novo foi apresentado para Eliene e Geovanna: enquanto a filha frequentava a
fisioterapia, a mãe ia para a psicóloga. “Eu falava muito sobre a minha revolta, meu sofrimento. Quando me perguntavam se minha filha
era cega, eu ficava nervosa, me descontrolava. Mas aos poucos fui me controlando. A psicóloga da instituição foi me ajudando e, na verdade, foi quando eu comecei a aceitar a condição da Geovanna”, desabafa a mãe.
Hoje aos seis anos, Geovanna vai à escola, onde recebe materiais em braille e uma vez por semana vem com a mãe até a Fundação Dorina, onde já treina com a bengala, aprende a formar palavras e a usar a máquina braille.
Apesar de todas as dificuldades, que Eliene enfrentou e enfrenta ao ver Geovanna crescer, se desenvolver e se tornar uma criança extremamente inteligente e ativa, ela começou a entender que deveria buscar na própria criança a força que ela não tinha, mas precisava para conseguir enfrentar a própria vida. “Antes eu tinha muito medo. Achava que nada ia dar certo, que eu não ia conseguir enfrentar isso. Hoje eu só sonho coisa boa, principalmente para ela. Sonho em vê-la um dia na faculdade e sei que ela vai conseguir. Às vezes a gente acha que não vai superar uma coisa, mas supera, sim. Por amor e por fé a gente supera.”
Com o apoio da Fundação Dorina, Geovanna e sua mãe conseguiram transformar a dor em uma bonita lição de amor.