Gerson de Souza é um rapaz cheio de planos, esperança e vontade. Aos 16 anos já tinha problemas na visão, e por isso precisou usar óculos “fundo de garrafa” para conseguir enxergar. Gradativamente começou a ficar cego, mas isso não fez com que deixasse de seguir em frente e buscar seus objetivos. “Sou feliz e realizado com a vida que levo. Nunca tive dó de mim, e esta forma de pensar, junto com todo o apoio que tive da minha família, foram essenciais para superar as dificuldades e levar a vida adiante”, conta Gerson, que teve o apoio da mãe e de sua irmã desde o começo. “Se eu cheguei até aqui, não foi sozinho. Família é essencial. A minha mãe deixou de trabalhar para cuidar dos filhos, é uma batalhadora e um exemplo de vida para mim”, completa.
Gerson foi alfabetizado, inicialmente, na tinta. Como foi perdendo a visão ao longo do tempo, adequou os seus estudos, utilizando letras maiores por causa da sua baixa visão, a princípio, e migrando para o braille em seguida, quando perdeu totalmente a visão.
Ele conhece a Fundação Dorina desde pequeno. Na época da escola, quando criança, já sabia que era uma grande instituição para cegos, e começou a tomar gosto pela leitura graças a seu irmão mais velho, que também é cego, e sempre pegava livros em braille na Fundação para ler em casa.
Com o passar do tempo e a evolução da sua deficiência visual, a Fundação Dorina foi fazendo cada vez mais parte da vida do Gerson. Aqui, ele já fez cursos de empregabilidade, informática, e agora é graduando da segunda turma do curso de avaliação olfativa.
“Aqui eu me sinto em casa. Desde que comecei a frequentar a Fundação, não consigo mais sair. Sou muito bem recebido e assistido e acredito que o serviço realizado aqui deve ser usado como referência”.
Gerson é um rapaz persistente, que sempre corre atrás daquilo que deseja, sem deixar que os obstáculos o impeçam de seguir em frente. Sua deficiência visual não tirou a sensibilidade e percepção que tem do mundo. “Viver é sentir a vida com todos os sentidos, independente se você enxerga, ou não. O meu sonho é avançar, sempre, e abrir grandes portas para trilhar vários caminhos”, completa Gerson, com um sorriso constante no rosto.