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Marco Antônio

Todas as escolas o rejeitavam e diziam 'seu filho não pode estudar com as crianças normais'.

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Marco Antônio tem oito anos e hoje quem vê essa criança saudável, ativa e estudiosa, que adora ler e escrever na máquina braille, não imagina todas as dificuldades pelas quais passou neste pouco tempo de vida.

Com graves problemas financeiros, sua mãe, Maria Gilma, uma cortadora de cana alagoana, decidiu deixar o marido em São Paulo e voltar com o filho para Alagoas. De volta à terra natal, ela começou a perceber que Marquinho enfrentava sérios problemas de desenvolvimento: as constantes quedas que o filho sofria e o aspecto “murchinho” dos olhinhos do bebê eram indícios claros de que ele precisava de ajuda. Mas nenhum médico dava a ele a devida atenção.

“Comecei a ficar desesperada, pois ninguém acreditava em mim, mas eu sabia que alguma coisa estranha estava acontecendo com meu filho”, dizia a mãe.

Disposta a lutar por um tratamento digno para o bebê, ela decidiu cruzar novamente o País e buscar em São Paulo as respostas que ninguém havia lhe dado até então. “Eu tinha que descobrir o que meu filho tinha”. Chegando aqui, Maria e Marquinho não tinham onde morar. O marido dormia de favor na empresa em que trabalhava e o patrão não aceitava que ele levasse para lá ninguém da família. “Passava o dia inteiro com o Marquinho sentada numa praça da Vila Joaniza (zona sul de São Paulo)”.

Apesar de tudo, mãe e filho bateram em inúmeras portas até que um ano depois ele finalmente conseguiu atendimento em um hospital público. Lá, Maria Gilma ouviu do médico: “Minha senhora, seu filho é cego”.

Marquinho foi diagnosticado com uveíte grave – inflamação numa camada do globo ocular, mas teve de ficar mais três anos em filas de espera até conseguir tratamento. Marquinho não andava, não conversava, não tinha amigos e era uma criança triste. Nenhuma escola o aceitava: “Todas o rejeitavam e diziam ‘seu filho não pode estudar com as crianças normais”.

Foi aos cinco anos de idade que um mundo novo se abriu para Marquinho: uma perita do INSS aconselhou que Maria Gilma procurasse atendimento especializado para crianças cegas na Fundação Dorina Nowill. De lá para cá, Marquinho vem à Fundação toda semana. Ele está sendo alfabetizado, já consegue ler e escrever em braille e começou a andar. Segundo Edni Silva, pedagoga da Fundação Dorina Nowill, em breve Marquinho será preparado para o uso da bengala longa, o que vai garantir sua independência na locomoção.

Hoje Marquinho frequenta diariamente a 2ª série da EMEF Carlos Augusto de Queirós Rocha, uma escola regular, e vai duas vezes por semana à sala de recursos da Escola Estadual Almirante Barroso, ambas na zona sul de São Paulo.

A mãe conta que ele escreve e lê todos os dias. O que o menino não consegue acompanhar com a reglete, ele escreve na máquina de escrever braille que ganhou da Fundação. “Ele faz os deveres de casa, escreve cartas, bilhetes… Ele adora”, diz Maria Gilma.

Marquinho conta que de todos os livros que já leu até hoje, o que mais gosta é o “Abraço de urso”, a história de um ursinho que nasceu cego. Além de textos, o livro, que é editado pela Fundação Dorina, traz tem ilustrações em alto relevo e ensina as crianças a compreenderem a deficiência visual.

“É a vida do Marquinho contada ali no livro. Por isso ele gosta tanto”, explica a mãe. “Eu leio essa história todos os dias antes de dormir. Eu sou o ursinho”, completa Marquinho.

“Antes ele chorava demais quando as pessoas falavam que ele não conseguia fazer nada direito”, desabafa a mãe. “Muitas vezes eu perdi as minhas forças e acabei chorando junto. Mas agora ele descobriu que pode fazer tudo o que os amiguinhos fazem. Meu filho hoje é uma criança feliz!”

Marquinho e sua mãe conseguiram, com o apoio da Fundação Dorina Nowill para Cegos, transformar em conquistas todas as limitações que encontraram pela frente.

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