O pequeno Rodrigo tem 1 ano e 10 meses. Quem hoje vê essa criança tão alegre e saudável não imagina o quanto ele teve que lutar para sobreviver. Durante a gestação, sua mãe, Daniela, foi alertada pelos médicos de que os globos oculares de seu bebê não haviam sido formados, e que ele poderia sofrer outros graves riscos, inclusive o de não sobreviver após o parto.
Ela conta que, certo dia, uma médica chegou a sugerir a interrupção da gravidez: “A doutora veio me perguntar se eu tinha certeza de que eu queria conviver com o diferente”, relembra Daniela. “Outro médico me alertou: ‘não é fácil andar nas ruas com uma criança sem olhos”.
Apesar de tudo o que ouviram, Daniela e o marido se mantiveram firmes e decidiram levar a gravidez até o fim.
De todos os problemas previstos, a anoftalmia se confirmou: Rodrigo nasceu cego, sem os globos oculares. “Minha aceitação foi rápida: Deus me deu assim e é assim que eu vou amá-lo. “Tudo o que eu queria era que meu filho nascesse vivo e saudável. E ele nasceu! A deficiência visual é só um detalhe. Para mim, ele é perfeito”, diz sua mãe, Daniela.
No hospital público em que deu à luz, Daniela foi orientada a procurar a Fundação Dorina Nowill. Aos três meses de vida, Rodrigo foi trazido por sua mãe e, poucos dias depois, ele começou a ser atendido e incluído em atividades que, desde então, vêm estimulando seu desenvolvimento motor.
“Nos primeiros meses de vida, é crucial que iniciemos a estimulação das crianças cegas o quanto antes, sob o risco de terem seu desenvolvimento global comprometido”, explica a fisioterapeuta da Fundação Dorina, Márcia Silva.
Hoje, além de frequentar semanalmente as sessões de fisioterapia, no programa de intervenção precoce da Fundação Dorina, visando seu desenvolvimento global, Rodrigo faz acompanhamento para adaptação de próteses expansoras nos olhos.
Num primeiro momento, Daniela conta que chegou a sofrer por coisas que hoje sabe que não fazem mais sentido. Ela achava que teria que ser imortal para cuidar do filho; que teria que viver para possibilitar a existência dele. “Hoje, descobri que não é isso. O que eu e minha família precisamos é prepará-lo para o mundo, para as adversidades. Prepará-lo para que ele possa ser um cidadão independente e ciente de seus direitos. E o que eu faço hoje, todos os dias da minha vida, é tratar o meu filho como uma pessoa normal. Uma hora o mundo vai entender e vai passar a tratá-lo como uma pessoa normal também, sem preconceito, sem superproteção”, pontua.
“Preparo o meu filho para ser independente e a Fundação Dorina é a base disso.”